terça-feira

Quando voce foi mais feliz?

OS MELHORES TEMPOS
Às vezes fico pensando: quais foram os melhores anos de minha vida? E você, pensa nos melhores da sua? Onde você estava, o que fazia, para que esse tempo tenha sido eleito por você como o mais inesquecível, entre tantos?
Não é fácil. Existiram tempos maravilhosos porque você estava em Paris ou Veneza: outros, tão maravilhosos quanto, numa praia do Ceará, nos tempos em que não tinha nenhuma responsabilidade: outros quanto assumiu a primeira, com a chegada do primeiro filho. Pensando bem, foram muitos, diferentes e maravilhosos. Houve também os ruins e os muito ruins, mas esses são para guardar no fundo do coração, são só nossos e não se divide com ninguém.

Os bons tempos foram tão bons, e tantos, que fica difícil escolher. Seria quando você estava tão apaixonada – uma das vezes em que esteve apaixonada? Não, positivamente não.

Como se sofre quando se está apaixonada. A fragilidade de quem ama é de tal ordem que qualquer coisa pode fazer com que uma mulher, em segundos, passe da situação de ser a mais feliz do mundo para a  de mais desgraçada do Universo, e tudo depende dele, só dele.

Um telefonema inesperado, só para dizer que está com saudades pode encher de alegria o coração de quem vive um amor. Mas qualquer atraso pode fazer com que uma mulher enlouqueça, literalmente, e faça as piores fantasias: naquele momento ela pode até achar que ele está num motel com a ex-mulher – e, mulher apaixonada fica insana – e que tinha razão quando achava que ele era mentiroso, fingido, e que as juras de amor ele fazia a todas.

Em parte todo homem merece que a mulher desconfie dele, e que ache, às vezes, que ele não vale nada. Na maioria das vezes ninguém vale tanto quanto e gente acha que vale quando está amando, mas esse é  apenas um dos riscos que correm os que inventam se apaixonar.

O pior de tudo é que, quando se ama, se depende do outro para conseguir dormir, comer, fazer ginástica, dar uma boa risada, ler um livro, ir ao cinema, ser feliz, enfim. Ou melhor: se depende do outro para viver.  Agora, com a cabeça fria: dá  para entender que todo mundo queira se apaixonar?

Mas tem também o outro lado: ser amada. E pior: ser muito amada. Quando um homem se apaixona, pode levar uma mulher à loucura, no melhor sentido – ou no pior. No princípio, ela até gosta: qual a mulher que não adora ter um homem a seus pés? Bem, até adora, mas durante um tempo, e em termos. O difícil numa paixão é não exagerar, não passar da medida, até porque quem ama demais está fadado a ser abandonado. O ser humano não costuma falhar, e nada faz com que uma pessoa se desinteresse mais rápido do que ter a certeza de que a outra está definitivamente conquistada.

Agora, a hora da verdade: quais foram os melhores tempos de sua vida? Sinceramente mesmo? Pois foram os tempos em que estava só e que não dependia de ninguém para ser feliz ou infeliz. Era dona do seu nariz: mesmo quando viajava sozinha, e não tinha um amigo com quem jantar, e sentia aquela semidepressão de estar numa cidade  estranha, num país estranho, muitas vezes com os termômetros marcando 0 C, ah, que tristeza.

Uma tristeza, sim, mas tão boa quanto as maiores alegrias.

Porque ela foi sua, totalmente sua, e as coisas que são só nossas e não dependem de ninguém não têm preço. Mas atenção: quando se descobre que se pode ser feliz totalmente só, passa a ser perigoso, porque a partir daí fica difícil pensar em voltar a dividir o controle remoto.

O controle remoto e a vida.
- Danuza Leão

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