sexta-feira

Para perdoar os outros precisamos perdoar a nos mesmos

Amor, compaixão, generosidade e alegria nascem no coração. Para sentir isso plenamente, precisamos ter o coração aberto e desperto. Todos passam por momentos difíceis e penosos, mas a maneira como reagimos a eles depende da sabedoria do coração.

Um coração sábio nos permite amar, cuidar e cultivar a comiseração, a generosidade e o perdão. A dor e a angústia que sentimos são aplacadas por essas virutdes.

Uma característica que todos os seres humanos compartilham é a capacidade de ferir e ser ferido. Às vezes parece mais fácil irritar-se do que ser gentil, abrigar o ressentimento que oferecer o perdão, culpar  que ser paciente, temer que amar. O ódio ou a comiseração se aprofundam de acordo com a atenção que lhes damos.

Muitas vezes passamos mais tempo pensando em quem odiamos que nas pessoas que amamos.

Se vivemos mergulhados em sentimentos de mágoa e de amargura, nos privamos de viver o momento. A dor sempre vem de fora, mas a cura pode vir de dentro.

É difícil perdoar a si mesmo. Quando nos recusamos a perdoar, lembre-se que a alternativa é carregar conosco a mágoa para todo lado. O perdão nos livra do fardo das dores do passado. Ao encontrar um presente que nao é governado pelo passado, achamos a paz e a possibilidade de viver com abertura e confiança.

O maior obstáculo à compreensão de como funciona a mente é a tendência a nos aferrarmos a idéias, pensamentos e sentimentos. Repetições intermináveis do passado, episódios de ressentimento ou culpa e ensaios para o futuro voltam à nossa mente.

Esse apego e essa fixação inibem nossa capacidade de abrir espaço e viver plenamente o momento presente. A capacidade de encontrar o equilíbrio e a serenidade está em aprender a se livrar dessas obsessões a cada momento.

A Ansiedade e a confusão nos levam a nos fixar a uma coisa após outra. Soltar isso não é algo que se consiga à força ou por exercício de vontade: tem a ver com calma, ternura e compreensão.

Toda vez que meditamos precisamos estar prontos para soltar os pensamentos, as lembranças e as imagens que surgem.

A fonte de nossa infelicidade está em opiniões, expectativas e desejos a que nos agarramos. Quanto mais aprendemos a soltar isso, mais generosidade, ternura, simplicidade e liberdade alcançamos na vida.

Perdoar os que nos fizeram sofrer é um desafio. Perdoar não significa abrir mão da sabedoria, nem tolerar o mal. Pode ser muito doloroso invocar a lembrança de alguém que feriu você muito. Mas quando estiver pronto, perceba a oportunidade de um novo começo e sinta  o peso da mágoa ser retirado de você.

A compaixão começa no momento em que encontramos coragem para aceitar a dor.

A compaixão requer disposição para prestar atenção às aflições do mundo que nos rodeia e reconhece que às vezes é impossível encontrar culpados para o sofrimento  neste mundo. Nem sempre há solução para um coração partido, uma doença terminal, uma perda inesperada, uma enfermidade ou outra calamidade aparentemente inexplicável que possa atingir qualquer um de nós.

Reconhecendo isso a compaixão abandona a via da censura, do julgamento e do controle, e cultiva o caminho da empatia, da equanimidade e da coragem.

A compaixão nos permite estar despertos e receptivos à dor sem ser massacrados por ela. Todos passamos por alguma situação em que temos de responder ao sofrimento com compaixão.

Esta postagem foi retirada do livro: Para começar a praticar Meditação de Christina Feldman

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