sábado

Só quero saber do que pode dar certo, não tenho tempo a perder

Às vezes é hora de parar de investir em uma causa amorosa perdida e seguir em frente com a vida.


POR Soninha Francine

 
 
Vinte anos depois, eu entendi uma música de uma banda que eu adoro, os Titãs (vai ver ainda não entendi como eles queriam...). Sempre gostei de letras como: "A gente não quer só comida! A gente quer comida, diversão e arte; a gente quer fazer amor, a gente quer prazer pra aliviar a dor". De "Diversão é solução sim; diversão é solução pra mim". Ou ainda: "Não vou me adaptar"; "A vida é pra valer".

Aí, um dia, eles me aparecem com o refrão: "Só quero saber do que pode dar certo, não tenho tempo a perder". Como assim? A impressão que eu tive era de que eles estavam fazendo o discurso do executivo pragmático. "Não tenho tempo a perder" é igual a "não me venham com papo furado, tenho mais o que fazer. Meu tempo é precioso demais para ficar nessas de amor e romance".

Então, finalmente, caiu a ficha. Funcionou a conexão com a internet. É que eu me vi - pela décima sétima vez, mais ou menos - botando fé em um "projeto" completamente inviável. Projeto "relacionamento".

Eu gosto do moço, mas o moço é complicado que só. Não sabe dar amor (algum ele deve ter, lá no fundo, mas é preciso procurar com sonar). Digo isso com a maior lucidez, descontando meu amor-próprio ferido: não o vejo dar amor para ninguém. Amigos? Raros. Colegas de trabalho? Nenhum com intimidade suficiente para um desabafo na hora do almoço, uma descompressão no jantar. Família? Distante. O único com quem ele mantém contato mais frequente é o pai - que mora longe...

Nunca chamei relacionamento de "projeto". Nem de "investimento". Mas compreendo quem usa essas palavras, porque no fim das contas você "deposita" confiança, expectativa, faz planos até sem querer. Quando eu começo a gostar e sair e namorar com alguém, não demora muito e estou pensando em onde é que a gente vai passar o Natal. E se o cabra gosta de mim, também, a gente praticamente confessa junto o que está imaginando.

Mas se o cabra não gosta... não tem o que fazer! Ou, se gosta mas não sabe expressar, esquece. Então eu entendi - e eu concordo: só quero saber do que pode dar certo. Não quero saber do que não pode!
O que pode dar certo também pode dar errado; não é garantido, não é escrito em papel quadriculado com régua e esquadro. Mas vale a tentativa. Agora, querer derreter o Polo Norte com um sorriso não dá. Desencana. Não pode mesmo dar certo!

Obrigada, valeu, Titãs, antes tarde que mais tarde ainda. Se é que eu entendi a mensagem.

Soninha Francine já foi várias coisas. Hoje é mãe de três filhas e trabalha com política, imagine.

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